terça-feira, março 28, 2006

Acordai

[A Árvore da Vida] Florença, Abril de 2003

Creio que estas são palavras de uma força tremenda. Cantadas, estas palavras valem mil vezes mais e chegam mil vezes mais longe. Este blog está a ficar lamechas. Ou não. E digo mais: ou não.
Para breve, novos episódios de ausência de sanidade.

Acordai,
acordai
homens que dormis
a embalar a dor,
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
Acordai,
acordai
raios e tufões
que dormis no ar,
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai,
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais,
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!


Fernando Lopes Graça
José Gomes Ferreira

sábado, março 25, 2006

O silêncio dos inocentes

A Chanel. Vilar do Paraíso, 2000

Sabemos, portanto, que o silêncio é dos inocentes. É-nos apresentado o silêncio como um valor ou posse, é-nos apresentado -
"olá, como está?"
- como um bem inestimável e fonte de segurança quando o silêncio é, ele próprio, em dias de tristeza, seio de insegurança e paz.
Mas devias saber [tu] que não sei [eu] quanto de silêncio tenho em mim.
Devias saber [tu] que quanto mais silêncio dou [eu] mais silêncio cresce em mim. Porque o silêncio não é nada mas por vezes tudo envolve.
E há momentos em que devias [tu] saber ler em mim [eu] que o silêncio é felicidade. E, noutros, é o oposto da felicidade, o que quer que isso seja. Seria a tristeza, acima dizia, mas corrijo agora e chamo-lhe o oposto da felicidade, o oposto do que não quero que seja o meu tempo de vida aqui, e pergunto-me sempre onde estás tu e porque te perdi, porque sem ti só vejo silêncio, porque tento dissociar-te dele, porque tento, assim, ver o silêncio como uma página em branco, em fundo branco,
um vazio,
repleto, repleto,
- "bem, muito obrigado".

quinta-feira, março 23, 2006

Supercalifragilisticexpialidocious

Beira Baixa, 2005 - a paz da alma

The biggest word I ever heard
And this is how it goes:
Oh, supercalifragilisticexpialidocious!
Even though the sound of it
Is something quite atrocious,
If you say it loud enough
You'll always sound precocious
Supercalifragilisticexpialidocious!
Julie Andrews, Mary Poppins, Walt Disney, 1964

terça-feira, março 21, 2006

A triste realidade

NÃO À FRAUDE NOS BLOGS!! Todos à Manifestação!!

Afinal confirma-se. E, infelizmente, é meu dever revelar este tipo de fraude, para que sirva de exemplo a outros. Unamo-nos todos:
NÃO À FRAUDE NOS BLOGS!!!

O processo utilizado não foram cabos, ao contrário do que todos pensavam (ver imagem original) - foi um método com um orçamento significativamente mais diminuto. Um método que tem muito de perturbador. Um método que ultrapassa todos os métodos utilizados anteriormente pelo pior dos salafrários...
E esta utilização abusiva de dois indivíduos de classe operária deve ser banida. Mesmo as árvores e a neve, sim, são falsas, evidentemente.

Daniel, nada disto era preciso... ainda vais a tempo de mudar. Existem centros de tratamento. Os teus amigos apoiam-te...

segunda-feira, março 20, 2006

The lost places of the heart

Guimarães (Praça de Santiago) algures no passado (não me recordo - 2003?)
A pedido de varias famílias...

Lost places of the heart. Or the lost heart, either way should do it.

"... but that's not the shape of my heart".

sábado, março 18, 2006

Tempos de mudança


Aceitam-se críticas. Este blog tem um novo look.

Digam de vossa justiça.
Este blog tem também um livro de reclamações.
Cheers!

Adenda: de momento, ainda sem funcionar correctamente no Internet Explorer...

quinta-feira, março 16, 2006

Reflexos

Pocinho, 26 Dez '05
"Pluff!". Ai, que me entrou uma pinga para o olho!

Sim, é assim que os habitantes do hemisfério sul vêem o mundo.
Eu sei, porque já estive lá.

segunda-feira, março 13, 2006

Ora sobre caminhos e mau tempo

Rua do Campo Alegre, em frente ao IBMC, 7 Mar '06

Alguém disse uma vez que, quando há obstáculos, o caminho mais curto entre dois pontos pode ser uma curva. Não me recordo do autor destas palavras, porém colocarei neste blog sem rumo a resposta, a curto prazo. Claro está que tudo isto deixa de fazer sentido quando temos um buldozer. Aí podemos criar nós próprios a linha recta sem demora e sem hesitações. Mas é uma expressão que tem muito mais do que simples matemática convertida à filosofia; ademais, nem todos podemos adquirir um buldozer.

Quando está mau tempo, tudo se complica. Ficam os olhos mais encharcados do que em tempos de luz e nuvens brancas em pano azul. Os obstáculos são mais difíceis de ver, e o desafio de caminhar as linhas curvas atinge proporções acima do quotidiano, com largas passadas a alternarem com passos pequenos e poças de água sem reflexos e sem fundo. É preciso caminhar com outra clarividência, quando esta se torna mais complicada de aterrar; as linhas rectas são benvindas, nestas alturas, sem postes pela frente.

A distância mais curta entre dois pontos é uma linha. Os buldozers compram-se,
as linhas,
desenham-se.

sexta-feira, março 10, 2006

Há (Vida) Luz ao Fundo do Túnel

Funicular dos Guindais, Fev 2006

A expressão "Há Luz ao Fundo do Túnel" é mais uma das intermináveis expressões que se usam por tudo e por nada. Porque não 'Há Ranheta ao Fundo do Túnel' ou 'Há Porquinhos da Índia ao Fundo do Túnel'? Tinha muitas outras alternativas mais originais - ou estapafúrdias, depende do ponto de vista - em mente para poder, pelo menos, variar um bocado. Quando nos cansássemos de dizer "Há Luz ao Fundo do Túnel", podíamos sempre dizer um 'Há - uma treta qualquer - ao Fundo do Túnel'.
Quem criou esta expressão nunca passeou evidentemente até ao fim de um qualquer túnel. Porventura nunca sequer vislumbrou um túnel, quanto mais o fundo do dito cujo. Dizer "Há Luz" é fácil; mais difícil é ver para além da luz. Se soubéssemos o que nos espera no fim do túnel, não andávamos a especular como uma criança impaciente, à espera de abrir um presente para saber se o conteúdo corresponde ao que pediu.

Honra


ao novo Presidente da República. Que sirva bem e com lealdade. Muito se espera e apoia nos seus ombros.

terça-feira, março 07, 2006

Walk the Line

Ponte D. Maria Pia, Fevereiro de 2005

Uma vez mais, o Home dos Quins em actividade. Desta feita, on the edge.

Foi num dia, à tarde, que caminhámos por bairros de gentes muito modestas; cruzámos locais que o tempo vai esquecendo a um ritmo melancólico, lento, lento. Confiámos no metal e desconfiámos do orgânico. A memória das pessoas que outrora viajaram por esta linha tem já rugas e foi-se esvaziando como a solidez das madeiras e plataformas. Já não há restos de vapor por ali. Já não se ouvem os gritos de espanto e surpresa de tantos que, pela primeira vez, atravessaram o Douro em máquinas de sonho, embriagados pela paisagem de verde, azul e Douro. São hoje outros os panos de fundo, os da paisagem e os do espírito.

Este abraço, metálico, entre duas cidades de longa história, mantém-se firme; a ser perene, tal dependerá apenas da vontade dos homens.

E foi bom, foi muito bom ter estado lá.

domingo, março 05, 2006

Men in Red

Pocinho, 26 Dez 2005

Ao contrário do que se possa imaginar, não só há 'A Mulher de Vermelho', mas existe também 'Os Dois Homens de Vermelho'. (eu cá prefiro a versão da mulher :P)
Poderia ser este um blog de daltónicos?

Adenda: apesar de no fundo da voto se vislumbrarem sacos de cimento da Cimpor, em (quase) nenhuma circusntância deverá o leitor remeter o raciocínio para a questão da co-incineração. Estes não são resíduos que se possam tratar dessa forma... (:

Pathway

Douro, Setembro de 2005

quinta-feira, março 02, 2006

Memórias de um futuro muito recente

'Pensão Pires de Morais' (e não só), há uns bons anos

É urgente preservar boas memórias de tudo.
Eu nunca me esqueço.
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Que coisa é esta de que me falam?
Afinal, que coisa é esta de que me falam de futuro, de luta, de esforço e de futuro outra vez, de que me falam, que me falavam, que me falariam não fosse já esta voz que grita,
grita ao meu ouvido,
não por fora, por dentro?