sábado, outubro 06, 2007

Interrompemos a programação actual (#11)


para informar da recente descoberta de uma mega-fraude a nível nacional. Pesquisas recentes, promovidas por indivíduos não identificados mas que envergavam capas negras e bonés da CP, para além de bengalas, revelaram que, afinal, a República nunca chegou a ser implantada, ou, muito menos, restaurada mais tarde.

"A 5 de Outubro de 1910" diz Serafim (nome fictício) "a República estava para ser implantada, mas, ora vejamos, não foi possível". Ao que parece, os indivíduos envolvidos na eminente implantação da República tentaram fazê-lo já depois das 16h15 da tarde daquela Quarta-Feira de Outono.

"Nessa altura,", dizia Teófilo de Arriaga (nome ainda mais fictício), "éramos cerca de 200 revolucionários, foi complicado sair de entre a multidão para tornarmos a acção oficial. Assim, com os serviços públicos próximos de encerrar e, em alguns balcões, os funcionários públicos a fecharem portas antes das 16h30, já não o conseguimos fazer. Naquele tempo, já a burocracia para implantar uma República era bastante. Não havia o 'Simplex'. No dia seguinte, a malta já tinha dispersado, e não tivémos assinaturas suficientes." "Alguns deles nem sabiam o que íamos implantar!", diz-nos Teófilo, em tom de desânimo.

Com D. Manuel II já a caminho do exílio, não foi possível providenciar o regresso deste. Naquele tempo, ao contrário do que pensa a geração nascida neste século, não havia a possibilidade de contactar o Rei por telemóvel. Assim, não se tendo encontrado outra solução, alguém se lembrou de proclamar a República para oferecer ao povo a falsa ilusão de que tudo estava bem. Graças a um sistema educativo modificado, foi possível manter a vã ilusão de que o país era uma República e minimamente organizado.

No que respeita à Restauração da República, mais tarde, Serafim considera que foram apenas "uns retoques - não houve restauração nenhuma, em primeiro lugar porque nunca houve implantação. Ora, todos sabemos, como é evidente, que se não implantamos não podemos restaurar, sendo que restauraríamos se tívessemos implantado, e, claro está, implantaríamos se na altura tivesse sido possível, para que mais tarde se restaurasse o implantado."

Infelizmente, a reportagem teve um final trágico e perdeu-se uma oportunidade de documentar em maior profundidade mais uma página da história portuguesa. Os dois indivíduos, conhecedores destes e outros pormenores daqueles dias, foram atingidos a tiro pouco após a despedida. A facção política B.P.A.G.R. - Braço Politico Armado do Gangue dos Rebites - reviindicou o acto. A Polícia Municipal tenta agora juntar as peças do puzzle que liga o mediático 'Caso dos Rebites' à Implantação da República.

2 comentários:

Anónimo disse...

E um polvo esse tal gang dos rebites, e o que eu digo... A sociedade portuguesa vive sobre o espartilho do medo!

Anónimo disse...

Sim, na verdade esses rebites andam a causar danos em quantidade....

Hummmm.... enquanto a sociedade viver 'sobre', não será mau.....

Já quando viver 'sob'.....